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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Como trabalhar com a indisciplina na escola?

A indisciplina é tida como causa primeira da dificuldade de aprendizagem e um entrave para a educação nas escolas. Como resolver essa situação que cada vez mais nos afeta? Em muitas conversas com professores, chegamos a conclusão que isso é um problema que vem de casa, que as famílias estão desestruturadas, que deixam a cargo da escola a difícil tarefa de educar e de dar limites.
A revista Nova Escola desse mês de outubro, trouxe muito esclarecimento no que se refere a tão falada indisciplina dos alunos. A ilustração são tiras do personagem Calvin!

Segundo a revista os conflitos sempre existiram, saber lidar com eles, entendê-los, é que nos ajudará a trabalhar melhor. O espaço escolar é propício para a vivência e o aprendizado de relações interpessoais. Essas questões devem ser tratadas como conteúdo de ensino, questões relacionadas à moral e ao convívio social, criando assim um ambiente de cooperação.
Frente a um conflito é necessário avaliar a real gravidade da transgressão. Quando ouvimos os relatos dos envolvidos demonstramos respeito pelos valores de cada um. Mas antes de tudo é bom tem bem em mente a diferença entre os tipos de transgressões: moral e convencional. Moral é uma construção social visando o bem comum, fundada em princípios éticos, são preceitos inegociáveis.; convencional são regras definidas por um grupo (uso de boné, celular...) são fundamentadas na negociação. Para que as regras convencionais não sejam contestadas, deve-se procurar justificativas válidas, por isso essas regras precisam de constante revisão e discussão.

Como o ser humano se desenvolve moralmente? Crianças pequenas seguem regras a risca, sem usar a própria consciência para reelaborá-las de acordo com a situação: é a moral heterônoma. Por volta dos 9 anos o respeito mútuo se sobrepõe à coação, mas essa autonomia só passa a existir quando as relações entre crianças e adultos são baseadas na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito e porque. Sem isso é natural a indisciplina. A atuação docente inadequada também gera a indisciplina. A autoridade do professor perante a classe só é conquistada quando ele domina o conteúdo e sabe usar de estratégias eficientes para ensiná-lo, se não o resultado é o tédio. E o aluno entediado procura coisas mais interessantes para fazer. Isso é indisciplina?
A aprendizagem é gradual e necessita de reflexão continua, de diálogo. Atitudes autoritárias não ajudam, são retrógradas e provocam revolta. Nosso papel é conhecer como se dá a aprendizagem e com base nisso planejar as aulas, além de ter segurança sobre o conteúdo a ser trabalhado.

Apesar da maioria dos educadores concordarem com o aumento da repressão para acabar com a indisciplina, mesmo isso acontecendo, os conflitos tendem a aumentar piorando as relações entre alunos e professores.


Interagimos com alunos conectados ao mundo por diferentes redes e ferramentas. Vale promover participação de todos nas situações desafiadoras. Tentar resolver os conflitos em sala antes de recorrer à direção. O que alimenta a indisciplina? O desrespeito do professor em relação aos alunos.

Construir um ambiente cooperativo no qual os alunos tenham voz, sejam respeitados e aprendam a respeitar naturalmente e não por medo de sanções.
O papel do professor é o da figura da autoridade moral e intelectual, mas não autoritária, é o coordenador do processo educacional.

O equilibrio das relações vem de um ambiente cooperativo. Que deve ser construido gradativamente pelo grupo com base no respeito mútuo, na reciprocidade e nos princípios de justiça.
O professor deve manifestar desagrado em relação a comportamentos inadequados. Chamar a atenção com respeito mostrando que o grupo é que está sendo prejudicado. A escola está sempre em movimento por isso o professor deve ficar em alerta contra a indisciplina. O maior objetivo é que a criança adquira autonomia e esteja apta a tomar decisões responsáveis, por isso ela necessita de referências e orientações.
Como intermediar conflitos? O mais importante do que atribuir a culpa e impor punições é lidar com a causa do conflito.
Honestidade será sempre considerada importante. A verdade é o que conta. Não agir de improviso, dar tempo para resolver a situação. Reconhecer sentimentos e orientar comportamentos. Não negar sentimentos de raiva.
Procurar ser um mediador. Incentivar que falem sobre os sentimentos e as ações e busquem soluções. Indisciplina é sintoma de que algo não vai bem. Se há conflitos a falha está na relação e não nas pessoas.

Nova Escola

Um comentário:

Marli Fiorentin disse...

Vera, que bom saber de você! Foi muito bacana ter estado lá na oficina se bem que tão rapidamente. Nauela época ainda com menos vivências e aprendizagens. Beijão!