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sábado, 14 de abril de 2018

Sidarta - Herman Hesse

 Esse livro, após ter ido para o descarte, caiu em minhas mãos, por puro acaso. Edição de 1970, da Civilização brasileira,  verifiquei o autor: Herman Hesse, lembrei de já ter lido O Lobo da Estepe, perdido na memória da minha adolescência. Antes de iniciar a leitura procurei me informar como um escritor alemão entrou nas vias da cultura indiana, descobri que viveu na Índia em 1910, Sidarta foi escrito com a referência da vida de Buda.

Entrei na história de Sidarta, identificando-me com sua ânsia pelo sentido da vida. Sempre pensei da necessidade de uma vida casta e pura para ter o privilégio da iluminação, ou pelo menos de uma vida plena. Quando jovem vaguei pela busca de um sentido por várias religiões enfrentando muitos desafios, mas sempre busquei um sentido para o viver. Hoje penso, como conseguir uma vida plena com o peso dos erros do passado ou com tantos problemas no dia a dia? A idade madura é uma grande preciosidade frente a leviandade da juventude, nos faz enxergar o todo, nos traz a consciência de nossa missão maior.  Sidarta ensina que o mundo é assim mesmo, cheio de sofrimentos e miséria humana, mas não importa, faz parte da vida, está tudo certo! Quando chegarmos a essa conformação o caminho da iluminação está mais próximo! 
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O Resumo:
Sidarta é apresentado como o filho do Brâmane, filho da tradicional casta sacerdotal. À ele era devotada toda a expectativa para seguir o futuro do pai, mas Sidarta, tem uma alma inconformada, no seu íntimo não aceita o papel que lhe dão. Sua ânsia pela verdade é tão grande que sai de casa, deixando a família para trás. Seu amigo Govinda, que muito o admira segue com ele juntando-se a um grupo de sábios mendigos andantes, os samanas, que viviam negando a vida e sua própria individualidade através do jejum, da mendicância e da meditação. Sidarta acreditava que assim poderia chegar a vida plena, no abandono total da vida de ilusão, a vida da matéria,  aniquilando o seu próprio eu.Sidarta acompanha por três anos os samanas, mas no fundo de sua alma ele  estava insatisfeito. Foi quando ouviu falar em Buda e na sua iluminação. Junto com Govinda, libertou-se dos samanas para encontrar-se com Buda.
Govinda encantou-se com a doutrina de Buda e vira seu discípulo, porém Sidarta não se convence e continua sua busca, acreditava que só na vivência poderia chegar à iluminação, pois a iluminação era uma experiência única. No seu encontro com Buda, este afirma que sua doutrina ensina a livrar-se do sofrimento, Sidarta lembra que  aprendeu com os samanas a livrar-se do eu para livrar-se do sofrimento. 
Sidarta reflete sobre sua vida, aprendeu muito com os mestres mas estes ensinamentos não aplacaram sua busca, seu desejo de conhecer sua essência para poder superá-la, mas o que fez foi iludir-se, fugindo de si mesmo. Ele se dá conta da importância de olhar para si mesmo, descobrindo o caminho dentro dele mesmo, sem negar a si, sente-se desperto, o mundo abriu-se com toda sua beleza e diversidade, rompendo a casca de desprezo que incutiram em sua mente. Para entender o sentido, a essência da vida, não se deve desprezar a vida, mas procurar conhecê-la profundamente, como o estudo de um livro ou a decifração de um manuscrito. 
Sidarta está aberto a descobrir e sentir o mundo, aprendera que os prazeres mundanos são para os tolos, mas quer experimentar. Conhece a cortesã Kamala e a elege como mestra da arte dos prazeres, mas ela o desafia a procurar a riqueza antes de ter com ela. Sidarta não tem nada, mas sabe ler e escrever, assim consegue emprego com o comerciante mais rico da cidade. Sidarta entra na vida dos tolos, consegue a riqueza e cativa a cortesã que o ensina a arte dos prazeres.Leva uma vida de rico, mas zomba desses valores, dos tolos, sabe que a vida de verdade era bem diferente,então começa a ter rancor pela vida, alimentando-se demais, jogando e bebendo. Aos 40 anos descobriu que era incapaz de amar e havia perdido o contato com sua voz interior. Odiou a vida tola que levava, seus hábitos, odiou seu corpo bem alimentado, sua pele, seu bafo de vinho, seus cabelos perfumados, sua própria pessoa. Então sonhou que viu o pássaro cativo de Kamala morto na gaiola, jogou-o na rua e foi como se ele próprio tivesse morrido. Atormentado com sua existência sem sentido, refletiu sob a mangueira de seu jardim. Como dar fim a isso tudo? Largando tudo, deixando tudo para trás. Andando pela floresta planeja afogar-se no rio. Mas ao ver o rio, Om, que tanto o alimentou no passado, ecoa de seu íntimo fazendo-o adormecer. Acorda e se sente renascido, numa outra encarnação, vê Govinda velando seu sono, sente que ainda o ama, Govinda zelou seu sono, sem saber que era seu amigo, mas ao reconhecê-lo continua sua jornada.
 No começo de sua caminhada pelo mundo Sidarta havia encontrado um barqueiro que o levou de graça ao outro lado do rio. Agora o encontra novamente. O barqueiro Vasudeva é um sábio e junto com ele torna-se discípulo do rio. Convivem juntos ouvindo o que o rio tem para contar. Mas a vida continua e Kamala reaparece em sua vida, vem atravessar o rio de balsa, na peregrinação à Buda, traz junto de si o filho de Sidarta. Mas seu fim estava ali próximo ao rio, é picada por uma cobra e antes de morrer entrega seu filho a Sidarta. 
Essa tragédia transforma a vida de Sidarta, seu filho passa a viver com ele na casa de Vasudeva. Sidarta ama profundamente seu filho, porém este o ignora e o repudia até conseguir fugir do pai e voltar para a cidade. Sidarta o persegue pois o quer de volta, Vasudeva o aconselha a deixar o filho e após muita meditação Sidarta desiste do filho, mas agora ele está diferente. O rio ensina a Sidarta que ele mesmo abandonou seu pai, trazendo conformação. Vasudeva sente que sua missão está terminada e parte para a selva.O livro termina com Govinda indo procurar um balseiro muito sábio, segundo  ouviu das pessoas e ele quer conhecê-lo.
Govinda chega até a balsa de Sidarta e não reconhece logo seu amigo, mas sentiu que realmente o balseiro tinha encontrado a paz, o que transparecia em seu rosto. Quando Govinda o reconhece percebe que o amigo de infância encontrou o que procurava, mas ele, Govinda, ainda era um buscador!

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