Antigamente
cortava-se árvores indiscriminadamente para a demanda de madeira,
lenha e celulose. As árvores produziam madeira para construção
civil, móveis e queima. Na nossa região a mata de araucária,
inserida no bioma da Mata Atlântica, abundante não só nos
horizontes sulinos, mas presente também nos estados de Paraná e
Santa Catarina, quase desapareceu por conta das demandas das
serrarias. A araucária foi protegida pelo Código Florestal
Brasileiro nos anos 60.
Para
a substituição dessa demanda, grandes áreas foram reflorestadas
com a utilização de árvores vinda de outros países. Programas
de reflorestamento optaram por árvores de crescimento rápido, como
o Pinus elliottii, da América do Norte, com madeira de qualidade e
crescimento rápido.
O
Pinus elliottii foi introduzido com sucesso no Brasil por volta dos
anos 70, dentro dos programas de reflorestamento com incentivos
fiscais. Pinheiro de crescimento rápido, adaptado ao frio e a solos
pobres, favoreceu alternativa para desenvolvimento de várias
regiões. Madeira utilizada com destaque na construção civil, mas
também na celulose, pois produz a fibra longa, preferido para
fabricação de caixas de papelão e embalagens. Com 17 anos sua
madeira já pode ser utilizada. Sua resina também é importante
economicamente pois é utilizada para a produção de breu e
terebentina.
Pinus no meio das nativas
Sabemos
que as industrias florestais são importantes para a demanda da
industria de celulose e madeira. Porém o preço por essa demanda
está se mostrando muito alto. Essa espécie é considerada invasora
alterando ambientes naturais. Suas sementes são aladas, dispersam-se
com o vento causando uma grande ameaça à diversidade pois a lenta
decomposição de suas folhas prejudicam a germinação de espécies
nativas e aumenta a acidez do solo.
Devido
ao interesse econômico as matas nativas são substituídas pela
monocultura que rende divisas, ao contrário da mata original. A
proliferação desmedida, sob os auspícios do interesse econômico
provocou alterações preocupantes no ecossistema natural, provocando
a redução da biodiversidade com a ameaça de extinção de vários
animais considerados endêmicos. As grandes monoculturas de árvores
para o corte proliferam-se também nos campos, no bioma Pampa,
alterando significativamente esse ecossistema, exterminando a fauna
dependente desse bioma. A transformação dos campos nativos em
monocultura de pinus provocam desequilíbrio ambiental, provocando a
extinção de espécies e alteração das relações ecológicas dos
ecossistemas. A biodiversidade, vital para o equilíbrio dos
ecossistemas está em perigo ameaçando o fim de uma infinidade de
animais e aves, que dependem das nativas para sobreviverem.
O
Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no RS de 2003
denuncia 250 espécies de animais ameaçados de extinção no nosso
estado, muitas devido à expansão da monocultura de árvores para a
industria madeireira.
Principais
animais ameaçados: onça-pintada, onça-parda, mono-carvoeiro,
macaco-prego, guariba, mico-leão-dourado, preguiça-de-coleira,
caxinguelê, anta, queixada, cateto, tatu de rabo mole, veado
campeiro, furão, gambá, cuíca, ouriço-caixeiro, preá,
serelepe, capivara, tamanduá-mirim, jaguatirica, bugio-ruivo,
lobo-guará, quati, irara, lontra, paca e a cutia estão entre os
mamíferos ameaçados de extinção. As principais aves ameaçadas
são a gralha-azul, tirivas e papagaios.
Para
saber mais:
FONTANA,
Carla S, BENCKE, Glayson A, REIS, Roberto E. - Livro Vermelho da
Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul - Edipucrs,
2003
KOCH,
Marília Machado, HENKES, Jairo Afonso - A interferência das
plantações de pinus spp nos ecossistemas dos Campos
de Cima da Serra, RS in