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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Bugiu espécie em risco de extinção

Nome popular: bugio-ruivo
Nome científico: Alouatta guariba
Família: Atelidae
Gênero: Alouatta
 Fotos tiradas da janela de uma moradia em Santa Barbara de Ana Rech, de manhã cedinho, próximo a RPPN Santa Bárbara.

Infelizmente são poucas as iniciativas para proteção da vida dos bugios


Na nossa região os bugios são encontrados nas matas de araucária. Vivem em bandos de aproximadamente 10 indivíduos, sob o comando de um macho adulto. Locomovem-se com o auxílio de sua cauda. Como alimenta-se basicamente de folhas de árvores, pobre em calorias, passam muito tempo em repouso. Alimentam-se também de frutas, brotos, pinhões, lianas (cipós) e flores. Eles podem viver até 20 anos, porém estão entrando em processo de extinção devido principalmente a destruição de seu habitat. Aqui em Caxias do Sul presenciamos isso a olhos vistos, o desmatamento é escancarado, sem o menor respeito a vida dos animais silvestres, que dependem das matas para sua sobrevivência.

Muitas vezes ouvimos o ronco do bugio, ouvido há grandes distâncias,  essa capacidade deve-se ao osso hióide, de grande volume nos machos, funcionando como uma caixa de ressonância, assim sua vocalização pode ser ouvida há muitos quilômetros de distância.

Bugius preparando-se para dormir, muitas vezes ao som alto de músicas, principalmente nos fins de semana devido a vida urbana crescendo com os loteamentos clandestinos



    Os bugius necessitam da preservação das araucárias para sua sobrevivência



As paisagens naturais estão sendo fragmentadas, prejudicando várias espécies de animais silvestres, dentre elas o bugiu-ruivo.


Foto tirada num sábado a tardinha, numa área da Reserva Particular do Patrimônio Natural, RPPN Santa Bárbara, o som de fundo não era da floresta, mas de músicas dum bar próximo.

As reservas particulares, RPPN, são unidades de conservação particular, criada voluntariamente pelo proprietário com consciência ecológica,fixando uma área de reserva que não pode ser tocada. Felizmente esse tipo de inciativa vem crescendo.


Nos arredores e interior de Ana Rech vemos muitos grupos de bugius se aproximarem das casas. Os mais velhos ficam vigiando no alto das árvores, enquanto os mais novos chegam nas árvores próximas às casas, onde se alimentam de folhas de determinadas árvores, como o camboatá-branco e a mamica-de-cadela. Já vimos uma família inteira alimentando-se de frutinhas da árvore exótica uva-do-japão. Aqui na região acredita-se que os bugius não descem ao solo, que seguem pelas copas das árvores, por isso estão sendo muito prejudicados com a fragmentação da floresta, pois estão tendo que aprender a descer ao solo, atravessar estradas, enfrentar perigos na busca por alimento e sobrevivência.

Todos os empreendimentos humanos deveriam seguir critérios ditados pela ciência em relação a preservação dos recursos naturais. As políticas públicas deveriam favorecer o uso sustentável, a conservação e recuperação das nossas matas. De certa maneira, pelo menos na teoria busca-se isso. Sabemos que lideranças de todo o mundo se encontram para acordarem a diminuição do processo de degradação do planeta.

Nossa cidade está dentro da floresta ombrófila mista, parte do bioma Mata Atlântica. O crescimento urbano intenso de Caxias está ajudando a destruir mais um pouco dos 8% de Mata Atlântica que ainda restam no Brasil. Cientistas alertam que em menos de 50 anos esse bioma vai desaparecer, pois a devastação não para, continua acelerada.

Caxias do Sul possui o Plano Municipal da Mata Atlântica em estudo desde 2012, com o objetivo de “ promover aprendizagens sobre a viabilidade de novos modelos de preservação, conservação e utilização racional dos recursos naturais da Mata Atlântica (...)” PMMA volume I.

 Criou-se um corredor ecológico da Mata Atlântica, mas na prática o que vemos não é a conservação ou a recuperação desse bioma. O desmatamento gigantesco que está acontecendo em Ana Rech, em pleno século XXI, ano de 2016 é espantoso, muita gente se questiona de como a Secretaria do Meio Ambiente autorizou à grandes empresas de loteamento, esses desmatamentos, envolvendo árvores nativas, bem como as araucárias, protegida por lei! Muitos colonos daqui não conseguem autorização para cortar um pinheiro sequer, sabemos de pessoas que querem construir mas se vão pelo caminho da legalidade não conseguem autorização para o corte das árvores.
Visões na entrada de Ana Rech
Moradores das proximidades contam de animais silvestres perdidos a procura de abrigos

Triste paisagem

Sabemos que essa desgraça e descaso com o meio ambiente não é uma característica  só de Caxias do Sul, mas de todo o país. Penso nos alertas  dos cientistas a cerca das emissões, dos desmatamentos, no trabalho de conscientização que fazemos nas escolas e nas iniciativas de preservação. Há muito esclarecimento sobre o prejuízo da degradação ambiental, ameaçando a própria extinção da espécie humana, mas a história vai se repetindo, uma história iniciada lá no descobrimento. Esses empreendedores que constroem espaços para se morar, não tem consciência da grande diversidade de espécies que perdem seu habitat natural, mas que tem direito à vida tanto quanto nós.



Plano Municipal da Mata Atlântica volume I e II:


Fotografias: Vera E. Medeiros

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